José Guilherme Tollstadius Leal é titular da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), desde janeiro de 2019. Engenheiro agrônomo formado pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), soma 30 anos de experiência, tendo desempenhado as funções de auditor fiscal agropecuário, fiscal ambiental, extensionista rural e professor, além de dirigente. Nesta entrevista, José Guilherme Leal fala sobre o impacto do Programa Nacional de Habilitação de Aplicadores de Agrotóxicos e Afins, o Aplicador Legal.
Quais os impactos positivos da qualificação obrigatória dos aplicadores de defensivos agrícolas à agricultura brasileira?
José Guilherme Leal: A principal mudança é na qualidade da aplicação. O conhecimento do agricultor hoje é baseado nas experiências vividas. Com o Programa Aplicador Legal iremos capacitar o aplicador com informações e técnicas necessárias para o campo. Teremos maior segurança na aplicação dos insumos, mas o maior ganho será para o próprio agricultor, com economia e eficácia na aplicação.
Na prática, como o programa Aplicador Legal funcionará para cumprir o objetivo de treinar e certificar os aplicadores de defensivos?
José Guilherme Leal: As instituições ofertantes se cadastrarão juntos aos órgãos de defesa agropecuária dos Estados e do DF, que vai avaliar a qualidade da informação oferecida. O agricultor poderá optar pelos cursos nas modalidades presencial, semipresencial e à distância. Ao final do curso o certificado será emitido pela escola e habilitará o agricultor a obter o registro previsto no Decreto [10.833/2021].
O Brasil é um país de dimensões continentais. Como o programa de habilitação de aplicadores chegará a todas as regiões?
José Guilherme Leal: Contaremos com o apoio de todos: assistência técnica e extensão rural, cooperativas, revendas, sindicatos rurais e quem mais quiser contribuir com a formação do agricultor. Há ainda a possibilidade do ensino à distância, ferramenta moderna que está se tornando cada vez mais comum, inclusive no meio rural. O Senar [Serviço Nacional de Aprendizagem Rural] e o Sindiveg [Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal] vêm fazendo isso com sucesso há vários anos.
Algumas entidades, como o Sindiveg, estão disponibilizando plataformas próprias, que se tornarão polos de treinamento e certificação online e gratuita para os aplicadores. Como o senhor enxerga essas iniciativas?
José Guilherme Leal: Excelentes. Precisamos utilizar todos os meios disponíveis para conseguir capacitar todos até dezembro de 2026.
De que forma plataformas, como a do Sindiveg, contribuem para o uso correto e seguro de insumos agrícolas e também em termos de segurança dos alimentos e sustentabilidade ambiental?
José Guilherme Leal: Pode parecer estranho um curso sobre aplicação de agrotóxicos ensinar à distância, mas o EAD no Brasil evoluiu muito e temos condições de oferecer conteúdo de qualidade e aferir se esse conteúdo foi absorvido pelo aluno. Devemos lembrar que hoje a informação que chega nos lugares mais remotos é nenhuma e o EAD tem condições de viabilizar treinamento dos agricultores nos rincões mais isolados do país.